Tudo aquilo que ninguém lhe disse sobre a calçada portuguesa
Ao longo das ruas, um pouco perdida no alheamento de quem a pisa todos os dias, esboça-se uma arte enraizada em valores de cultura e geografia urbana – a calçada portugesa. Se baixarmos um pouco os olhos, reparamos que estamos a pisar estrelas, peixes, flores, pássaros, barcos, búzios… E se nos detivermos por uns momentos a olhar os pormenores dessas admiráveis obras de calcetamento, percebemos que debaixo dos nossos pés vive um pitoresco universo de beleza, genuinamente português.
“Uma arte que é de poucos e que muitos pisam sem olhar” – Dinis Abreu
Esta técnica de calçada-mosaico tem origem na época do domínio romano em Portugal. E que a simbologia dos desenho usada está ligada:
- ao artesanato (rendas, azulejaria, cerâmica, bordados, tapetes e tecelagem),
- à História (caravelas, sereias, cordas, conchas, ondas do mar, estrela, esferas armilares),
- às atividades sócio-económicas (peixes, frutos, cereais, animais e técnicas de publicidade).
Os desenhos têm proveniências que oscilam entre a arte popular e a arte erudita. Conseguem abranger estilos diferentes como a Arte Nova, Art Déco e o Cubismo.
Do passado ao presente…
A calçada portuguesa, tal como a conhecemos atualmente, foi ensaiada pela primeira vez, na parada do Batalhão de Caçadores 5, por iniciativa do Governador de Armas do Castelo de S. Jorge, em Lisboa, o Tenente-General Eusébio Cândido Cordeiro Pinheiro Furtado (1777-1861). Realizou-se uma pavimentação usando pequenas pedras de formas mais ou menos regulares, brancas e negras. O desenho aplicado era de composição simples. Iniciado em 1842, foi executado por presos, os “grilhetas”.
Calçada no Castelo de S. Jorge em Lisboa
A insólita obra motivou uma grande curiosidade, levou muita gente ao castelo e mereceu jocosos comentários. Mas o sucesso obtido valeu a Eusébio Furtado o apoio da Câmara Municipal de Lisboa na concessão de verbas para a pavimentação de toda a placa central do Rossio: uma extensão de 8712 m2.
A construção começou em 17 de Agosto de 1848 e durou 323 dias. O desenho escolhido para decoração da Praça foi um padrão ondulado em preto e branco, designado “mar largo”. Na vastidão da área, ritmava-se harmonioso movimento que sugere o mar batido pela brisa, derramando-se pela praia.
Calçada Portuguesa no Rossio de Lisboa
O público acabou por aderir à iniciativa, reconhecendo-lhe o sentido utilitário, por comparação com a generalidade das zonas onde abundava, ora a lama, ora a poeira. O êxito obtido fez com que, pouco tempo depois, se iniciassem as obras de pavimentação do Largo de São Paulo.
A moda pegou e generalizaram-se os passeios e praças pavimentadas com um revestimento feito com base em pequenas pedras justapostas. A pavimentação prendeu-se, também, com o crescimento urbano e está associada à necessidade de assegurar melhores condições de higiene e salubridade.
A calçada-mosaico estendeu-se progressivamente a várias cidades do país. Apareceu com especial incidência nos centros urbanos situados em pontos de confluência das principais vias de comunicação, onde o desenvolvimento económico fez afluir maior número de pessoas e mercadorias. Habituados ao uso quase exclusivo das ruas, os cidadãos , com o advento dos novos meios de locomoção, veem-se remetidos para os passeios.
Hoje, curiosamente, está-se a vulgarizar a adoção da calçada portuguesa como material de eleição para o revestimento do chão de habitações modernas. Também nas zonas comerciais a calçada portuguesa é frequente: convida a entrar e associa um elemento de cultura tradicional à decoração de interiores.
As pedras
A pedra usada na calçada artística é, atualmente, de origem calcária. Daí o facto deste género de revestimento se concentrar mais nas zonas onde a matéria-prima existe com abundância: no Centro e Sul, escasseando no Norte, onde predomina o granito. Ao calcário de dureza média, nacarado e brilhante, dá-se o nome de vidraço.
Nas ilhas dos Açores e Madeira, onde existe sobretudo pedra de origem vulcânica de cor negra, invertem-se os valores cromáticos e os desenhos da calçada portuguesa, também conhecida por “malhete”, são brancos sobre um fundo negro.
Calçada típica dos Açores e Madeira
A profissão era dura, mal remunerada e de pouco prestígio social, logo com escassos percursores. Atualmente, renasce o interesse pela profissão e, é neste contexto que surgiu a Escola de Calceteiros em Lisboa. Este foram apoiados pelo Fundo Social Europeu, e que fornece mão-de-obra qualificada a diversos municípios.
Muitos dos “ourives do chão” tinham por hábito assinar as suas obras de arte com uma pedra de feitio peculiar, colocada no centro de um florão ou noutro ponto convencionado pelo autor.
Calçada Bastide
A Fabistone tem um pavimento que se assemelha à calçada portuguesa, chamado Bastide. Como são disponibilizadas em placas de 45x35cm, são muito fáceis de colocar em qualquer espaço. São também antiderrapantes e muito resistentes.
Se pretende planear um projeto para o seu jardim, conheça alguns dos materiais e ideias neste artigo sobre a envolvente de uma piscina.
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